Bloco 1: Físico-Química
Aluna: Maria Mylena Oliveira da Silva
Lipídios de armazenamento
Os Triacilgliceróis são lipídios
formados pela ligação de 3 moléculas de ácidos graxos com o glicerol, um
triálcool de 3 carbonos, através de ligações do tipo éster. São absolutamente
hidrofóbicos, sendo também chamados de "Gorduras Neutras", ou triglicerídeos.
Os ácidos graxos que participam da estrutura de um triacilglicerol são
geralmente diferentes entre si.
A principal função dos
triacilgliceróis é a de reserva de energia, e são armazenados nas células do
tecido adiposo, principalmente. São armazenados em uma forma desidratada quase
pura, e fornece por grama aproximadamente o dobro da energia fornecida por
carboidratos.
Lipídios de origem vegetal x Lipídios
de origem animal
Os lipídios de origem animal são
saturados, encontra-se sólidos e os lipídios de origem vegetal são insaturados,
líquidos.
Ceras: Ésteres de ácidos
graxos saturados e insaturados de cadeia longa (C14 a C36), com alcoóis de
cadeia longa (C16 a C30). Possuem estrutura linear o que facilita a agregação
entre as moléculas, formando cadeias hidrofóbicas que configuram sua função
impermeabilizante.
Classificam-se em vegetais e animais;
São combustíveis metabólicos;
Vegetais fabricam ceras para revestir
folhas, evitam evaporação de água;
Aves têm suas penas revestidas por
gorduras, não se encharcam de água e facilita flutuação.
* Lipídios sem Ácidos Graxos em sua
Composição:
Não são saponificáveis. As vitaminas
lipossolúveis e o colesterol são os principais representantes destes lipídios
que não são energéticos, porém desempenham funções fundamentais no metabolismo.
Lipídios estruturais de membrana
Glicerofosfolipídeos: também chamado de fosfoglicerídeos,
são os mais importantes fosfolipídios de membrana.Os fosfolipídios ocorrem em
praticamente todos os seres vivos. Como são anfifílicos, também são capazes de
formar pseudomicrofases em solução aquosa; a organização, entretanto, difere
das micelas. Os fosfolipídios se ordenam em bicamadas, formando vesículas.
Estas estruturas são importantes para conter substâncias hidrossolúveis em um
sistema aquoso - como no caso das membranas celulares ou vesículas sinápticas.
Mais de 40% das membranas das células do fígado, por exemplo, é composto por
fosfolipídios. Envolvidos nestas bicamadas encontram-se outros compostos, como
proteínas, açúcares e colesterol.
Os mais importantes são também
derivados do glicerol - fosfoglicerídeos - o qual está ligado por uma ponte
tipo fosfodiéster geralmente a uma base nitrogenada, como por exemplo:
* Colina é Fosfatidilcolina, ou
Lecitina;
* Serina é Fosfatidilserina;
* Etanolamina é
Fosfatidiletanolamina.
As membranas celulares são elásticas
e resistentes graças às fortes interações hidrofóbicas entre os grupos apolares
dos fosfolipídios. Estas membranas formam vesículas que separam os componentes
celulares do meio intercelular - dois sistemas aquosos.
Esfingolipídios: Os
esfingolipídios são formados por uma molécula de esfingosina (4-esfingenina),
um aminoálcool de cadeia longa, ou um de seus derivados; por uma molécula de um
ácido graxo de cadeia longa e por um grupo cabeça polar. Os carbonos, C-1, C-2
e C-3 da molécula da esfingosina são estruturalmente análogos aos três grupos
hidroxila do glicerol, diferindo apenas que no C-2 em vez de uma OH é
encontrado um grupo amino (NH2). Quando o ácido graxo está ligado ao -NH2 no
C-2, o composto resultante é uma ceramida. A ceramida é o precursor estrutural
de todos os esfingolipídios.
Os esfingolipídios, todos derivados
da ceramida, se classificam em duas classes: esfingomielinas e
glicoesfingolipídios. Os glicoesfingolipídios por sua vez se subdividem em,
globosídeos, cerebrosídeos e gangliosídeos.
Esteróis: Os esteróides são
lipídios que se caracterizam por conter o núcleo esteróide, que consiste de
quatro anéis fundidos, denominado ciclopentanoperidrofenantreno. O núcleo
esteróide é quase planar e relativamente rígido, os anéis fusionados não
permitem rotação ao redor das ligações carbono-carbono (C-C). Esses lipídios
não apresentam ácidos graxos em suas estruturas. O colesterol é o principal
esterol nos tecidos animais, não sendo encontrado em membranas de células
vegetais. O colesterol é uma molécula anfipática, cujo grupo polar é uma
hidroxila que se liga ao C-3 do anel A. o grupo apolar do colesterol é tanto o
núcleo esteróide quanto a longa cadeia hidrocarbonada que se liga ao carbono 13
do anel D.
Colesterol. O colesterol é
uma substância isoprenóide do tipo esterol (álcool de esteroide). O núcleo de
anéis fusionados (ciclopentano peridrofenantreno) e a cadeia lateral alifática
conferem um caráter apolar ao colesterol, enquanto a OH confere um caráter
polar, fazendo do colesterol um molécula anfipática. O colesterol é também um
importante constituinte das membranas biológicas, e atua como precursor na
biossíntese dos esteroides biologicamente ativos, como os hormônios esteroides
e os ácidos e sais biliares.
O excesso de colesterol no sangue é
um dos principais fatores de risco para o desenvolvimento de doenças das
artérias coronarianas, principalmente o infarto agudo do miocárdio. Os
esteroides são precursores de uma variedade de produtos com atividades biológicas
específicas.
As plantas não apresentam colesterol
em suas membranas biológicas. Os esteroides mais comuns nas membranas dos
tecidos vegetais são o estigmasterol e o b-sitosterol, que
diferem do colesterol por suas cadeias laterais alifáticas. As leveduras e os
fungos possuem outros esteroides de membrana, como ergosterol, que apresenta
uma dupla ligação entre o C7 e o C8.
Os ácidos biliares são
isoprenóides formados a partir do colesterol. Como exemplo temos o ácido
taurocólico, no qual a cadeia lateral no C-17 é hidrofílica, agem como
detergentes nos intestinos, emulsificando as gorduras provenientes da dieta.
Dessa forma, a ação dos agentes emulsificantes facilita a ação das lipases
digestivas. A variedade de hormônios esteróides é também produzida pela
oxidação da cadeia lateral no C-17 do colesterol.
Os hormônios sexuais e do córtex da
glândula adrenal são lipídios isoprenóides da classe dos esteróides. A
testosterona (hormônio sexual masculino) estradiol (hormônio sexual feminino)
cortisol e aldosterona (hormônios do córtex adrenal). Eles são produzidos em um
tecido e transportados na corrente sanguínea para os tecidos alvos, onde se
associam a receptores específicos disparando mudanças na expressão gênica e
metabolismo.
Lipoproteínas: São
associações entre proteínas e lipídeos encontradas na corrente sanguínea, e que
tem como função transportar e regular o metabolismo dos lipídeos no plasma. A
fração proteica das lipoproteínas denomina-se Apoproteína, e se divide em 5
classes principais - Apo A, B, C, D e E - e vária subclasses.
A fração lipídica das lipoproteínas é
muito variável, e permite a classificação das mesmas em 5 grupos, de acordo com
suas densidades e mobilidade eletroforética:
* Quilomícron = É a lipoproteína
menos densa, transportadora de triacilglicerol exógeno na corrente sanguínea;
* VLDL = "Lipoproteína de
Densidade Muito Baixa", transporta triacilglicerol endógeno;
* IDL = "Lipoproteína de
Densidade Intermediária", é formada na transformação de VLDL em LDL;
* LDL = "Lipoproteína de
Densidade Baixa", é a principal transportadora de colesterol; seus níveis
aumentados no sangue aumentam o risco de infarto agudo do miocárdio;
* HDL = "Lipoproteína de
Densidade Alta"; atua retirando o colesterol da circulação. Seus níveis aumentados
no sangue estão associados a uma diminuição do risco de infarto agudo do
miocárdio.
Prostaglandinas: Estes
lipídeos não desempenham funções estruturais, mas são importantes componentes
em vários processos metabólicos e de comunicação intercelular. Um dos processos
mais importantes controlados pelas prostaglandinas é a inflamação. Todas estas
substâncias têm estrutura química semelhante a do ácido prostanóico, um anel de
5 membros com duas longas cadeias ligadas em trans nos carbonos 1 e 2. As prostaglandinas
diferem do ácido prostanóico pela presença de insaturação ou substituição no
anel ou da alteração das cadeias ligadas a ele. A substância chave na
biossíntese das prostaglandinas é o ácido araquidônico, que é formado através
da remoção enzimática de hidrogênios do ácido linoléico. O ácido araquidônico
livre é convertido a prostaglandinas pela ação da enzima ciclooxigenase, que
adiciona oxigênios ao ácido araquidônico e promove a sua ciclização. No
organismo, o ácido araquidônico é estocado sob a forma de fosfolipídios, tal
como o fosfoinositol, em membranas. Sob certos estímulos, o ácido araquidônico
é liberado do lipíde o de estocagem (através da ação da enzima fosfolipase A2)
e rapidamente convertido a prostaglandinas, que iniciam o processo inflamatório.
A cortisona tem ação anti-inflamatória por bloquear a ação da fosfolipase A2.
Este é o mecanismo de ação da maior parte dos anti-inflamatórios esteróides.
Existem outras rotas nas quais o
ácido araquidônico é transformado em prostaglandinas; algumas envolvem a
conversão do ácido em um intermediário, o ácido
5-hidroperoxy-6,8,1-eicosatetranóico (conhecido como 5-HPETE), que é formado
pela ação da 5-lipoxigenase. Os anti-inflamatórios não esteróides, como a
aspirina, agem bloqueiando as enzimas responsáveis pela formação do 5-HPETE.
Desta forma, impedem o ciclo de formação das prostaglandinas e evitam a
sinalização inflamatória.
Nenhum comentário:
Postar um comentário